Posso dizer que o meu estranhamento começou por mim mesmo. Nunca imaginei me apaixonar pela cidade das maravilhas. Assim como a Alice, São Paulo me encantou também.
Foi caminhando pelas ruas da perdição que minha mente foi pra tantos lugares diferentes na mesma noite.
Enquanto fazia a baldeação para a linha vermelha do metrô, alegrei-me ao me deparar com uma figura excêntrica. Um cidadão com seus trinta em poucos anos trajando roupas coloridas, cabelo azulado e o tênis mais colorido que já vi em qualquer pé que pude observar. Foi então que percebi que ser diferente não é apenas o retrato de uma adolescência revoltada, uma busca por chamar a atenção. Algumas pessoas se sentem bem com o incomum por toda a vida.
Saindo da estação Anhangabaú, passei por um casal se despedindo apaixonadamente. Cena normal, se o casal não fossem dois caras. Incomum para um garoto interiorano, mas habitual para o mundo moderno. Chocante? Talvez.
O rapaz que passou por eles ao meu lado estava inconformado. “Tanta mulher no mundo e os dois se atracando sozinhos!”
Continuei minha caminhada. Em pouco tempo na Avenida 9 de julho, avistei um cachorro dormindo numa posição pouco confortável para ele. O pobrezinho devia estar com frio. Mas só aparentava.
Sangue escorria da sua cabeça, deixando rastro avermelhado pela calçada. Um vermelho escuro, pesado. “Que tipo de pessoa faria isso com um animal indefeso?”
A partir daí comecei a estranhar a humanidade. Como pode existir tanta gente lutando para salvar vidas, ajudar pessoas contra tantas mais apenas buscando o mal, denegrindo a imagem de uma população toda.
Não foi por esta parte da cidade que eu me apaixonei. Quero a alegria, as oportunidades, a diversidade, mas não a liberdade para fazer o que der na telha, sem me importar com as conseqüências que os outros sofrerão.
Quem mata um animal por puro prazer pode saber ao certo o que é amor?
como alguem pode fazer algo assim?
ResponderExcluirja falei que adoro seus textos!?