quinta-feira, 15 de maio de 2014

O dia do beijo na praça


                Conrado aproveitou a tarde para ir comprar um relógio com a namorada, Taís, e com a sua irmã.

                As duas resolveram ir para uma loja de sapatos e eles combinaram de se encontrar na loja de CDs que estava com promoção de vale-presentes.

                Mal se distanciou das garotas e Conrado sentiu duas mãos tapando os seus olhos.

                - Adivinha quem é! – pedia a voz suave no pé do seu ouvido.

                - Eu nunca esqueceria a tua voz. Tampouco esse seu perfume, Ex.

                Embora eles se chamassem de “ex”, Conrado e Luara nunca foram namorados. Nem mesmo já haviam se beijado. Há muito tempo eles brincavam que eram namorados e quando eles encontraram namorados de verdade terminaram o relacionamento fictício e passaram a se tratar assim.

                Fazia uns nove meses que eles não se viam, então resolveram sentar para conversar em um dos bancos ao lado da igreja matriz.

                Após uns vinte minutos entre assuntos sérios e outros nem tanto, Luara fez uma pergunta um tanto quanto suspeita:

                - Ex, que gosto tem o seu beijo?

                Ele estranhou a pergunta, por mais que desejasse tê-la ouvido em épocas remotas. Então encarou como brincadeira.

                - Eu não sei, eu nunca me beijei! – respondeu, dando de ombros.

                A vontade dele era de responder que ela não sabia porque quando ele quis beijá-la ela o rejeitou, mas preferiu calar-se.

                Ele se levantou preparando-se para ir embora. Ela fez o mesmo e segurou o punho direito dele. O rapaz fitou-a lentamente dos pés à cabeça, enquanto lubrificava os lábios passando saliva ao mordiscá-los.

                - Se você quiser eu posso provar e te conto como é. – propôs a garota ao amigo, sem nenhum pudor.

                Antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa além da morena de cabelos cacheados, olhos puxados e o forte par de mamas encarando-o, os lábios do rapaz já estavam colados no dela. Suas línguas se tocaram e rapidamente dançavam no mesmo ritmo. Eles se abraçaram, ignorando as pessoas que passavam por eles.

                Um único beijo foi o suficiente para a culpa começar a martelar na cabeça de Conrado.

                - Eu preciso ir, EX. – disse ele, enquanto sutilmente secava o lábio com a ponta dos dedos.

                Ao se virar, Conrado trombou com um hippie que carregava uma placa de madeira com brincos, pulseiras e colares artesanais. Ele não conseguiu se desculpar. Apenas lhe mostrou as mãos e saiu andando, atordoado.

                Ele estava adiantado para encontrar as garotas, porem ainda não havia comprado o relógio. Então resolveu tentar acha-las para irem juntos escolher.

                - Pensou que ia se safar? – perguntou a voz feminina que ele tanto conhecia, assim que ele dobrou a esquina – A loja de CDs é do outro lado. Estava pensando em escapar. Eu te conheço bem, Conrado.

                - Eu nunca vou precisar escapar de você, meu amor! – respondeu ele, antes de dar na namorada um selinho cheio de culpa.

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