Demorei horas para chegar até aqui. No caminho a minha única companhia foi você.
Há duas horas comecei a subir. Respirei fundo quando olhei para o topo e dei o primeiro passo. Foi assim quando te conheci: respirei fundo e te tirei pra dançar. Você riu da minha ousadia e acompanhou meus passos por alguns segundos. Eu sabia que era você, eu sabia.
Conforme escalava as pedras, lembrava o quão difícil foi te encontrar novamente. Você e os teus compromissos sempre acima das tuas vontades... Queria tanto ter sido prioridade por pelo menos uma vez.
Metade do percurso, agora já m lembrava do nosso adeus. Você adormeceu em meus braços e eu fiquei velando teu sono. O que permaneceu foi a promessa de um futuro desconhecido. Eu queria e roubar pra mim, mas não podia te trazer comigo. Infelizmente também não podia ficar.
E seguimos...
Doeu tanto quando ouvi de você que tudo tinha passado, que você havia seguido em frente e que o lugar que acreditava ser meu já estava ocupado por outro alguém.
Cheguei, estou no pico mais alto. O vento me beija e me sussurra no meu ouvido coisas que martelam em minha cabeça há tanto tempo. Ele me pergunta se realmente vou seguir em frente.
Sentado nas pedras, peço a Deus para cuidar de você e que a sua vida seja cheia de felicidade mesmo que não seja eu ao teu lado.
Está na hora. Eu me levanto e abro os braços, abraço o vento, abraço o meu corpo antes de saltar. Junto os pés e te vejo. "Vá com Deus", você sussurra.
"Eu te amo", eu sibilo enquanto deixo meu corpo pender para frente. Não consigo gritar. Sinto-me tão perto do céu, sublime, estou tendo uma epifania!
Sinto o impacto, fim da linha, meu corpo volta a subir e fico suspenso no ar.
Toda vez que salto me sinto liberto e quero sentir esta sensação quantas vezes puder.