Era hora de trabalhar o luto, de entender que eu acabara de te enterrar, você não iria voltar, não desta vez.
Olhei para o guarda-roupas ainda aberto, o teu lado vazio. Ao menos não precisaria empacotar as tuas roupas. E foi então que me veio a imagem da cama também vazia. A partir de agora seriam assim todas as noites. Não teria mais os teus pés pedindo para que eu os esquentasse durante a madrugada.
Eu estava de luto, precisava chorar. Lágrimas são tudo o que se espera de um viúvo, ou estou errado? Quiçá uma cena teatral desejando que você ficasse, que fosse eu no teu lugar.
A foto da viagem à Paris ainda está no porta-retratos. As tuas bochechas rosadas roxearam de tanto frio naquela fria tarde parisiense. As bochechas rosadas que me fizeram me apaixonar por você.
Precisava perguntar por que você tinha que partir, mas agora não adianta mais perguntar. O fato é que você se foi e mesmo que você voltasse, você deveria fazê-lo antes do luto passar. Antes de eu deixar de pensar em você desde a hora que abro os olhos até a hora de voltar a sonhar.
Enquanto empacoto tudo o que me faz lembrar você, vou praticado o desapego. Não estou deixando de te amar e sim reaprendendo a me amar sem você. Não imaginei que seria tão difícil, mas desde quando você se foi, esta foi a primeira vez que cheguei em casa decidido a te deixar partir sem me sentir culpado. Então vá.
Por mais que eu tenha tentado te matar tantas vezes, você ainda vive em mim. Mas quando o luto passar... Ah, quando ele passar...
"Não estou deixando de te amar e sim reaprendendo a me amar sem você."
ResponderExcluirE assim vamos vivendo...
ResponderExcluirTão bonito quanto triste!
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