sábado, 9 de outubro de 2010

Não faz mal


Ela queria conseguir pedir pra que ele partisse, mas toda vez que preparava seu coração para a ausência ele se recusava a aceitar e ela acabava cedendo mais uma vez.
Queria ter coragem de não atender o telefone e desligá-lo quando aparecesse o seu número no identificador de chamadas.
Queria ter forças para negar um beijo quando o seu rosto tivesse a centímetros do dela.
Mas tudo que ela conseguia dizer era "Não faz mal, um dia ele há de ser meu".
Hoje ela não sabe mais quanto tempo faz que tudo mudou, quando foi que ele passou a fazer tamanha diferença em sua vida. Mas o que ela não esquece é a tamanha importância que ele tem.
E ela queria ser livre. Livre pra poder ficar com quem quisesse sem que a incerteza do futuro com ele atrapalhasse, sem que o seu cheiro estivesse em outros corpos, sem que o seu rosto não aparecesse enquanto outro ocupava a sua cama, sem que fosse a sua mão em sua cintura, mesmo que com outra textura. Não importava a intensidade do beijo, sempre seriam os mesmos lábios pequenos, rijos e molhados. Sempre seria ele.
Uma noite, voltando para casa, no banco traseiro de um carro qualquer, deitada no colo dele, sob o efeito do álcool ela perguntou:
- Um dia você será somente meu?
- Quando eu estou com você eu sou somente teu. - ele sorriu do jeito que só ele sorria. Estava sendo sincero.
- Eu queria que você um dia dissesse que só queria ficar comigo. Queria ouvir que você me amava do mesmo jeito que eu amo você. Queria que você dissesse que também sente a minha falta e que eu não significo apenas sexo.
Ele não respondeu.
- Ué, não é você que sempre sabe o que dizer?
- Eu sei o que dizer. Só não sei se devo.
E ela adormeceu, sem saber qual seria a sua resposta.
Antes de descer do carro ele sussurrou em seu ouvido: "Eu também te amo, mas ainda não chegou a nossa hora!"
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