quinta-feira, 20 de março de 2014

O dia do Jazz


Quando eles chegaram ao Clube do Jazz, Pessoa já os esperava. Ele acenou para Conrado que levou os amigos até ele.
               
Enquanto Pedro Henrique levantou-se para cumprimentá-los, Conrado foi apresentando seus amigos.

- Não sei se vocês vão se lembrar, mas este aqui é o Pedro Henrique. O famoso Pessoa – e depois se dirigiu ao próprio Pessoa – E estes são Carlinhos, Elis, Analú, Mathias, Fiapo, Thamires, Theodor e Sara. O Zoado teve que ficar com o pai dele, mas você logo o conhecerá.


Pedro Henrique estava mais que tímido. 

- Prazer, galera! - foi tudo o que ele conseguiu dizer.

Assim que eles se acomodaram o garçom chegou para tirar os pedidos. A bebida favorita de Conrado era a caipirinha de rum com curaçau azul. Ele pediu uma enquanto eles escolhiam os sabores das pizzas.

O garçom trouxe o suco de Thamires. Vendo que os gelos eram redondos, Thamires pegou um deles e o colocou no dedo anelar da mão direita.

– Olha gente – ela chamou a atenção de todos na mesa – eu agora sou noiva. Olhem para a minha aliança.

Ela começou a bater na mesa com o dedo até que o gelo se quebrou. Sem graça, ela tentou disfarçar brincando com o porta guardanapos que parecia com um carro. Analú entrou na brincadeir e pegou o porta guardanapos da mesa ao lado. As duas faziam o barulho de roncos de carros com a boca.

Pessoa não acreditava no que estava vendo, assim como Conrado, que não sabia como se desculpar pela cena que todos estavam presenciando.

Os olhos de Elis e Pedro Henrique se cruzaram e ambos ficaram constrangidos.

As pizzas chegaram. O diferencial do Clube do Jazz era o corte das pizzas. Elas vinham cortadas como petisco, então era mais difícil de controlar quantas fatias se estava comendo. Só assim para as meninas não se envergonharem por comer vários pedaços.

Como sempre, ao final das pizzas, todos brigaram pelas sobras e pelas azeitonas que restaram nas duas tábuas.

Conrado foi ao banheiro e cruzou com Fiapo, que estava saindo.

- Muito tempo que eu não comia essa pizza, sangue. Tinha esquecido o quão boa ela era.

- Eu não consigo esquecer, velhinho.

Quando Conrado entrou no banheiro, Pedro Henrique estava começando a fazer xixi no mictório. O seu telefone começou a tocar.

Pessoa olhou para Conrado, como se pedisse para ele atender o seu celular. Antes que ele abrisse a boca, Conrado se antecipou.

            
- Nem pense nisso.

Conrado entrou então em uma das cabines e enquanto se aliviava, aproveitou para rir um pouco do amigo.

- Alô! – Pessoa atendeu o celular – Eu estou aqui no barzinho. Sim, eu sei que horas são. – ele respirou fundo – Não, mãe. Ainda não está tarde e eu não preciso ir embora agora.

Segurando o riso, Conrado saiu da cabine e viu Pessoa discutindo com a mãe com a calça ainda arriada.

E a conversa estava mesmo engraçada.

- Eu posso pelo menos por uma vez fingir que eu tenho uma vida social? – ele deixou ela continuar falando – Ok, mãe. Como você quiser. Boa noite.

Pessoa desligou o telefone bufando. Só então ergueu a calça, fechou o zíper e abotoou-a.

Conrado, enfim, deixou de segurar e soltou uma imensa gargalhada.

- Vai, vagabundo. Pode rir, mundiça – Pessoa estava com um sorriso amarelo, mas não estava bravo com o amigo – Agora lava as mãos e vamos comigo lá na frente que o meu pai está vindo me buscar.

Para Pedro Henrique estava encerrado a primeira noite com a galera do condô. Para o pessoal, a noite estava apenas começando.



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