quinta-feira, 24 de abril de 2014

O dia do telefonema


                O barulho do telefone ecoava dentro da cabeça de Elis, que pensou algumas vezes antes de sair da cama para atendê-lo. Ela simplesmente fechou os olhos, sabendo que em alguns segundos voltaria a dormir.

                Mal Elis fechou os olhos e ouviu o barulho da porta de seu quarto se abrindo. Mesmo sem abrir os olhos ela já sabia que dona Romana, sua mãe, trazia em suas mãos o telefone.

                “Pode deixar, já está na hora dela levantar”, ela deve ter dito ao atender ao telefone.

                - Elis, é o Conrado.

                “Se não for nada importante esta será a última conversa dele por telefone”, ela pensou, enquanto começava a se levantar.

                Ela arrumou o cabelo, bocejou e se sentou na cama antes de pegar o aparelho.

                - Oi – ela não conseguiu ser tão seca quanto gostaria, mas sabia que Conrado havia entendido o recado.

                - Bom dia! – disse Conrado, do outro lado da linha, com uma voz tão animada que a deixou com ainda mais raiva por existirem pessoas que acordam bem humoradas – Perdão, mas foi a tua mãe que pediu para te acordar. Eu disse que ligava mais tarde.

                - Você pode dizer logo o que você quer?

                Agora ela havia deixado mais que claro que ela havia acordado com humor matinal habitual de Maria Elisangela Pirellis.

                - Ok, ok... vou ser rápido. O Pessoa gostou muito de você e queria ter te beijado ontem, mas não viu oportunidade.

                O humor de Elis começou a mudar. Além de Pessoa ser um pedaço de mau caminho ela havia ficado interessada nele também. Porem ela precisava se fazer de difícil.

                - Seu amigo devia saber que as oportunidades a gente cria e esta ele perdeu – infelizmente, era o que ela queria dizer, na verdade – O jeito é esperar a próxima e ver no que vai dar. Quem sabe?

                Conrado esperou um pouco para responder. Ele ficou segurando o riso e então teve medo de titubear ao falar.

                - Que pessoa difícil, heim. Mas tudo bem. Vou dar a má notícia para o garoto.
Os dois trocaram mais algumas poucas palavras e se despediram.

Após desligar o telefone Elis se jogou na cama e esperneou com as pernas para o ar, comemorando o telefonema. Pessoa podia ser lerdo, mas uma hora ou outra ele seria dela.

Agora era a vez de Conrado transmitir a má notícia ao amigo. Assim que desligou o telefone discou novamente.

- Alô – atendeu um Pedro Henrique todo afobado.

- Corre pro condomínio que a princesa já é tua, meninão!
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