segunda-feira, 10 de agosto de 2015

De volta à velha pedra

Fazia tanto tempo que ele não ia até lá. Escalou o rochedo e sentou-se na tão conhecida pedra.

Ele acendeu um cigarro e, enquanto brincava com a a fumaça, observava as ondas se chocando contra o rochedo.

Ah, a paz que há tanto procurava, o silêncio que há tanto buscava.

De repente tudo voltou. Todos os pensamentos que não paravam de martelar, as lembranças que apareciam toda vez que ele fechava os olhos...

Os dedos da mão que estava sem o cigarro brincava com as pedrinhas soltas ao seu lado.

E então apagou aquele que seria o seu último cigarro, pegou uma das pedrinhas e a atirou na água,  mas não ouviu o barulho dela se chocando com o mar. Imaginou que com ela afundava tudo aquilo que o atormentava.

Foi então que ele se levantou, deu um longo suspiro. Era chegado o momento da despedida. Tirou a camisa, a bermuda e os atirou ao mar também. Agora estava pronto.

Confiante,  desceu novamente o rochedo e ao chegar à areia, ajoelhou-se e escreveu com o indicador direito: "Livre para recomeçar".

Despido de suas roupas e dos pensamentos avassaladores, caminhou rumo ao desconhecido, enquanto as ondas do mar começavam a apagar o que acabara de escrever.

Perto dali já não se lia mais o que escrevera antes de subir: tudo o que queria deixar para trás. 

Agora ele poderia partir sem medo, pois estava realmente livre.

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