sexta-feira, 23 de abril de 2010

À todos os meus amigos

"Á todos os meus amigos e "amigos"


Há algum tempo ando me questionando quanto o verdadeiro significado da palavra amizade. Hoje criei ânimo e olhei num dicionário. Lá dizia que este substantivo feminino representava o sentimento de apreço, camaradagem e afeição entre pessoas em geral não aparentadas, ou entre entidades e grupos; o relacionamento estabelecido entre eles.

Para mim a amizade vai além de tudo isso, além do coleguismo, além da simples afeição.

Meus conhecidos são aqueles que às vezes sei apenas seu nome, ou nem isso e pouco sei sobre sua vida, nos cruzamos em bailes, shows e festas e certas vezes nem nos cumprimentamos. A maior parte das pessoas que passam por nossas vidas nunca deixa de ser apenas nossos conhecidos.

Meus colegas são aqueles que estudam ou estudaram comigo, jogamos juntos as peladas de fim de semana no clube ou mesmo no campinho, nos encontramos em barzinhos, dançamos na boate, conversamos um pouco, porém não nos conhecemos o suficiente para dizer que participamos ativamente um da vida do outro. Somos conhecidos que atravessaram a fronteira dos apenas quinze minutos de diálogo.

Meus amigos distantes já tiveram importante participação na minha vida e devido forças maiores o destino se encarregou de nos afastar, contudo não foi capaz de acabar com o que sinto por eles. Alguns deles eu nunca mais vi, outros encontro raramente e há também os que nos correspondemos ou nos telefonamos de vez em quando.

Meus apelidados pseudo-amigos ou amigos da onça são aqueles que tenho ao meu lado, me conhecem e eu os conheço, porém não confio neles, pois até hoje não me deram motivos para tal ou já me deram motivos para deles desconfiar. Alguns já fizeram parte do meu dia-a-dia, mas hoje os quero distantes. São eles que não me surpreenderão se vierem a me trair um dia. Espero qualquer coisa deles.

Meus amigos do peito, ou amigos pra caraleo são aqueles que sei que posso contar sempre. Os que estão ao meu lado nos bons e maus momentos, os que me dão colo e que vêm pedir conforto, os que me aconselham e seguem minhas palavras. São aquelas pessoas que eu admiro e tenho orgulho por tê-las ao meu lado. Pessoas que preciso seguir seus exemplos, aqueles que não nego o quanto eu os amo.

Valorizo os meus amigos e isso não é vergonha nenhuma. Não deixo passar em branco as oportunidades de mostrar o quão importante eles são pra mim, pois eles merecem.

Já os meus irmãos... Porra, meus irmãos são mais que amigos pra mim, é como diz aquela mensagem: eles são a família que Deus me permitiu escolher. Eles fazem mais que parte de mim, eles moram em mim. Eles sabem toda a minha vida e conhecem todos os meus mais perversos segredos. Quando um deles está longe é como se parte de mim não estivesse presente, me sinto incompleto.

E é assim que estou nos últimos tempos.

Estamos crescendo, amadurecendo e nossas vidas estão tomando cada vez rumos mais diferentes. Moramos em cidades, em estados diferentes. Não são somente os estudos que estão nos distanciando; são também os trabalhos, namoros. Cada um está seguindo a sua vida. E isso é bom. É bom ver que estamos progredindo.

Mesmo que tenhamos que assistir de longe o sucesso de quem nós amamos, mesmo que estejamos fora de sua vida, mesmo que soframos com isso, a recompensa é tão grande. Não há preço que pague ver um sorriso de satisfação no rosto de quem queremos bem.

Infelizmente, de agora em diante muitos dos que passaram por nossas vidas ficarão apenas no passado, serão lembranças; não os veremos mais e alguns, talvez, nem ouviremos sobre eles.

Talvez a pessoa que sempre esteve ao meu lado nos momentos em que eu mais precisei siga outro caminho e nos afastemos. Será triste, mas terei que me conformar com o fato. Sei que vai ser duro, mas o tempo cura as dores da perda.

O tempo...

Só ele pra nos fazer esquecer as dores e decepções para podermos perdoar. Pois muitas vezes vamos magoar quem amamos e não podemos impedir que eles nos magoem também. Mas enquanto houver amor, que haja perdão.

Porém não te tornes escravo do perdão, pois até no amor há limites. Ame, mas não deixes abusarem de teu amor.

Nunca deixe escapar uma oportunidade de dizer o quanto se importa com quem está do teu lado, pois amanhã poderá não ter mais tempo.

Somente o tempo dirá quem são teus verdadeiros amigos.

Não confie em alguém que acabou de conhecer.

Tenha sempre os seus inimigos por perto.

Até poderia citar cada pessoa da minha vida em qual parágrafo ela se encaixa, mas algumas não ficariam contentes com a resposta. Não sou tolo, sei que muitos que estão ao meu lado me querem pelas costas. Aprendi com a vida.

Sei que me empolguei escrevendo, mas sou totalmente grato a quem gastou seu tempo lendo. É a essas pessoas que eu guardo o meu obrigado.

"O meu maior erro foi me apegar à pessoas de tal forma que não consigo esquece-las."

Post de 28/04/2004

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Especial



Ela sabia o quão difícil seria ir até o fim, mas precisava colocar o seu plano em prática. Vestiu o vestido magenta que ganhara dele no seu último aniversário, sabia que o alegraria com a surpresa, já que ele pensava que ela não havia gostado do presente - o que não deixava de ser verdade.
Maquilou-se vagarosamente, como uma atriz em noite de estréia. Não deixou escapar nenhum detalhe: base, corretivo, pó , delineador, hímel, sombra, baton e blush. Estava perfeita. Nada extravagante e nem vulgar.
Quanto ao cabelo, não foi preciso muito cuidado, já que normalmente bastava pentear suas longas madeixas e ele já estava exuberante. Era a própria Pocahontas numa versão nacional.
Calçou o salto agulha que costumava usar apenas em casamentos e ocasiões inesquecíveis. Nenhum detalhe poderia passar em branco.
Algumas borrifadas de Channel 5 e quando a buzina tocou faltava apenas colocar os brincos de ouro branco.
Ela não esperou muito para abrir a porta depois que a campainha tocou, gostava de pontualidade e achava falta de educação fazê-lo esperar, embora desejasse fazer suspense.
- Nunca pensei que você pudesse ficar mais bonita! - elogiou ele, sinceramente espantado com a exuberância de sua beleza.
Entregou-lhe um lindo vaso de orquídeas, que ele sabia que arrancaria aquele sorriso que irradiava do rosto dela toda vez que via flores.
O sorriso foi o agradecimento. Em silêncio ela pegou o vaso, o deixou sobre a mesa e saiu de braços dados com ele, que cordialmente a conduziu até o carro e abriu a porta para ela. Esperou até ela se ajeitar para fechar a porta e assumir o volante.
O jantar foi num restaurante reservado, regado a bom vinho e pratos exóticos. Enquanto conversavam, ela ajeitou o cabelo da maneira que o provocara desde o primeiro encontro. Ao vê-la brincar com os dedos entre os fios negros como a noite,ele mordiscou o lábio inferior. Nessa hora ela teve certeza de que o resto da noite seguiria como o planejado.
A noite estendeu-se no melhor motel da região. Após se entrelaçarem como se fossem um mesmo corpo, ele a acolheu em seus braços, fazendo com que ela não tivesse vontade de se desvencilhar. E assim eles passaram o fim da noite. Ele brincando com os cabelos dela, enquanto susurrava canções românticas em seu ouvido.
Ela brincava com seus dedos, entrelaçados aos dedos dele.
Ao final da noite ele a acompanhou até a porta, seu olhar dizia que queria se convidar para entrar e passar o resto da noite ao lado dela, mas deixou a decisão para ela tomar.
Ela entendeu o seu olhar e respondeu com um sorriso tímido. Após agradecer a noite, ela se rendeu a um beijo longo, molhado, profundo e intenso. Conforme a lembrança dos meses que passaram juntos corriam por sua cabeça, ela o abraçava cada vez mais apertado, como se tivesse medo que ele desaparecesse como um sonho. Mas ao abrir os olhos ele continuava ali, era real.
Após um beijo em sua nuca, ela sussurrou em seu ouvido:
- Adeus meu amor.
E foi tudo que conseguiu sair de sua boca, antes que a porta se fechasse e a primeira lágrima começasse a cair. Ao fundo do ronco do carro que agora partia, chegavam a terceira, a quarta e uma maré de incontáveis lágrimas, que ela não fez questão de conter, enquanto assimilava que aquele havia sido o último beijo dos dois e que a partir do momento que cruzasse aquela porta novamente não mais veria o seu príncipe encantado.
Ela voltaria à realidade e a outro príncipe sapo.
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